Segundo a direção do hospital público, referência no atendimento no agreste de Pernambuco, a determinação atende às reclamações de pacientes e visitantes, que estariam incomodados com as constantes pregações feitas em voz alta durante as visitas nas enfermarias.
Em nota pública, o diretor do HRA, José Bezerra, disse que respeita todas as religiões, mas explicou que as pessoas que quiserem realizar orações terão de utilizar a capela ecumênica da unidade, que estará aberta a todos os visitantes e pacientes que desejarem orar.
“Sabemos que existem pacientes que necessitam de um apoio, de uma palavra de conforto, e encontram tudo isso na religião. No entanto, nem todos os religiosos que fazem as visitas têm essa intenção. Muitos, além de visitar o seu paciente, acabam chamando atenção dos outros – muitas vezes a contragosto, porque não são da mesma religião, para que escutem o que eles têm a dizer”, diz o comunicado do diretor.
Segundo Bezerra, para que “fatos dessa natureza não voltem acontecer”, a direção decidiu liberar a entrada dos religiosos “apenas para visitas.” “Caso eles desejem realizar algum tipo de pregação ou oração em conjunto, podem se dirigir para a capela ecumênica do hospital, que está aberta para receber integrantes de qualquer religião.”
Limites éticos
A decisão do HRA foi elogiada pelo presidente da Associação Interreligiosa do Agreste, padre Everaldo Fernandes. “É uma boa oportunidade de fazermos uma releitura sobre essa pregação. Não vejo como intolerância religiosa, mas como uma forma de impor nossos limites, que me parece correto. O hospital deixa claro que quer a contribuição da religião, mas não pode dar espaço ao constrangimento”, afirmou.
Segundo o padre, a forma de pregação adotada por alguns religiosos já vem sendo discutido pelo grupo há algum tempo. “A religião, assim como a medicina, a advocacia ou qualquer outra crença, tem seus limites éticos. E nós precisamos pensar sobre as nossas práticas, que devem ser éticas, respeitando a todos.”
Para o pastor Arnóbio Silva, da Igreja Evangélica Congregacional Vale da Bênção, a decisão é equivocada. “Sou contra. Temos liberdade religiosa no país, e as visitas aos pacientes termina com uma oração. Se havia excessos, caberia orientar as pessoas que fazem a oração, em vez de as proibir”, disse.
Fonte: UOL / Portal Padom
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