O primeiro presidente da história do Egito eleito democraticamente, Mohamed Morsi, poderá fazer alguns anúncios inesperados nos próximos dias. Deverá nomear dois vice-presidentes com funções distintas: um seria mulher e o outro, um cristão, anunciou a rede CNN.
“Pela primeira vez na história egípcia – não só moderna, mas em toda a milenar história egípcia – uma mulher poderá ocupar essa posição”, disse a repórter Christiane Deif Amanpour, da CNN, na segunda-feira. “E não será apenas uma vice-presidente, que cumprirá uma certa agenda, mas uma vice-presidente poderosa e capacitada, que irá criticar e aconselhar o gabinete presidencial”.
Embora Morsi, eleito com o apoio do grupo radical Irmandade Muçulmana, tenha defendido anteriormente a proibição de mulheres na presidência, também afirmou antes da eleição que como presidente iria lutar pelos direitos das mulheres.
“O papel das mulheres na sociedade egípcia é clara”, disse Morsi antes do segundo turno. ”Os direitos das mulheres são iguais aos dos homens… Não deve haver qualquer tipo de distinção entre os egípcios, exceto os que definem a Constituição e as nossas leis”.
Na ocasião, ele também prometeu assegurar os direitos das minorias, incluindo as religiosas. O Egito “definitivamente” não será uma “República Islâmica”, prometeu. Os detalhes sobre a nomeação de um vice cristão por enquanto são mantidos em segredo, mas deve acalmar os cristãos coptas, que reúne cerca de 10 por cento da população egípcia e temia uma guerra religiosa.
Morsi já começou a trabalhar nesta segunda-feira, disse Jihad Haddad, um conselheiro da equipe de transição. Ele está montando um novo governo – uma das tarefas que terá o poder de fazer depois que a junta militar que assumiu o comando do país entregue a ele a Presidência em definitivo daqui a duas semanas.
O processo de escolha das pessoas para servir no gabinete deve levar um tempo e “não vai terminar em um dia”, disse Haddad.
As atitudes recentes da Irmandade Muçulmana não indicam que o grupo e seu braço político, o Partido Liberdade e Justiça (PLJ), tenham qualquer intenção de transformar o Egito em uma teocracia, embora o lema da campanha fosse “O Islã é a solução”. Em maio, o Instituto do Oriente Médio do Carnegie, um conceituado centro de estudos norte-americano, publicou um longo estudo sobre o PLJ e afirmou que o partido pode ser considerado moderado.
A preocupação com este tema é tão grande que surgiu nas primeiras palavras de Gehad el-Haddad, porta-voz da campanha de Morsi, após o anúncio do resultado. “Morsi será o presidente de todos os egípcios. Os direitos das mulheres, dos cristãos, as liberdade civis e direitos humanos serão todos garantidos”, afirmou ele em entrevista à rede de tevê Al-Jazeera.
Nos últimos dias, o nome do Nobel da Paz Mohammed el-Baradei surgiu como possível primeiro-ministro. Morsi cogitou até mesmo deixar o PLJ, o partido da Irmandade Muçulmana, para mostrar que não pretende fazer avançar apenas os interesses de seu grupo.
O general Ahmed Shafik que foi o último primeiro-ministro do presidente deposto Hosni Mubarak era apoiado pelos cristãos egípcios, mas perdeu para Morsi no segundo turno. Ele foi hoje para os Emirados Árabes Unidos.
Mas o seu advogado, Showee Elsayed, afirmou que ele não está fugindo do país. Embora algumas petições legais acusando Shafik de corrupção foram apresentadas em abril, “não há absolutamente nenhuma processo judicial pendentes contra meu cliente”, disse Elsayed.
No seu retorno, o general já anunciou que vai formar um novo partido político.
Fonte: Gospel prime
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