O bispo Manoel Ferreira, ex-deputado pelo PR e presidente da Convenção Nacional das Assembleias de Deus (Conamad), está sendo acusado pelo pastor Donizetti Francisco Pereira de tê-lo contratado como um laranja para assinar contratos da Faculdade Evangélica de Brasília.
A denuncia, que foi feita por Pereira para a revista Isto É, diz que apesar de ele assinar como proprietário ele não recebe sua parte no negócio. A matéria diz também que o bispo Ferreira chegou a demitir funcionários da faculdade sem pagar os direitos trabalhistas e que estaria sonegando milhões de reais em impostos federais.
“Não sou a única vítima dele, só que os outros sócios e professores têm medo de represálias”, diz.
De acordo com a reportagem o pastor Donizetti, que é formado em teologia e em administração, entrou para Conamad no início da década de 90. Em 2003 foi convocado para fundar a Faculdade Evangélica de Brasília que só passou a funcionar dois anos mais tarde. Assim que os alunos começaram a aparecer o dinheiro pago nas mensalidades passou a criar desentendimento entre os sócios.
Para resolver esses impasses houve quatro alterações contratuais, e em 2007, os sócios realizaram uma assembléia extraordinária que determinou a divisão da sociedade apenas entre dois sócios, Ricardo Pereira (47,5%) e a Conamad (52,5%). A ata da reunião, uma espécie de contrato de gaveta, foi assinada por todos os sócios, inclusive pelo bispo Manoel Ferreira, que passou então a figurar como sócio oculto da empresa.
Com isso, o pastor Donizetti passou a não receber os 20% que lhe era devido nos primeiros contratos. Sobre isso o advogado de Eduardo Sampaio de Oliveira, outro pastor que assina como laranja do bispo, diz o pastor reclamante não tem direito, pois as cotas da faculdade pertence a Conamad.
“No que pese 20% das cotas da Faculdade Evangélica de Brasília constarem do contrato social, a rigor este percentual nunca lhe pertenceu. A bem da verdade, as cotas são de propriedade da Conamad (Convenção Nacional das Assembleias de Deus no Brasil – Ministério Madureira), presidida pelo Bispo Manoel Ferreira”, escreve o advogado Raimundo Pereira, o advogado de Sampaio.
Para a revista o advogado confessa que a Convenção, por ser uma entidade sem fins lucrativos, não pode figurar como sócia de contrato social de empresa comercial”. E conclui como seu cliente virou laranja do bispo: “Por determinação do bispo Manoel Ferreira, ele foi designado para figurar no contrato, ficando a Conamad na condição de sócia oculta”.
“Fui apunhalado pelas costas”, afirma o pastor Donizetti Pereira que está sem dinheiro, impedido de trabalhar e com o nome sujo no SPC e no Serasa. Pereira afirma que antes de procurar a reportagem tentou por meses contatar o bispo para negociar um acordo, mas não houve retorno.
Ele reuniu documentos que provam que a faculdade está afundada em dívidas e em processos. São 140 ações trabalhistas, 18 ações de execução judiciais que superam R$ 1,6 milhão, além de pendências no Serasa e 108 protestos.
Segundo ele, a faculdade também emitiu 89 cheques sem fundo, de valores que variam R$ 45 a R$ 50 mil. “Eu recebi quatro cheques de R$ 50 mil por conta da venda das minhas cotas na sociedade. Quando fui sacar, eles sustaram os cheques”, afirma o pastor Donizetti Pereira, que retirava mensalmente um pró-labore de R$ 3 mil.
A Isto É, tentou entrar em contato com o bispo Manoel Ferreira e o pastor Eduardo Sampaio, mas não teve retorno.
Fonte: Gospel Prime / Isto É
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