Ron Williams é o pastor da Church at the Gym em Sanford, Flórida. Como o nome dessa igreja batista “diferente” sugere, a congregação se reúne em uma academia de ginástica.
Williams diz que o objetivo é eliminar as barreiras colocadas por pessoas que não se sentem confortáveis nos ambientes tradicionais da igreja.
“Eu acho que todas as armadilhas da religião tradicional podem tornar difícil a aproximação dessas pessoas”, explica ele. “Você pode convidar alguém, e ouvir como resposta ‘Eu não tenho roupa adequada para vestir na igreja’”.
Descontraído, Williams trocou o tradicional terno por calças jeans e camiseta. No clima quente da Florida, alguns membros usam shorts. Outros tipos de vestuário são comuns, de roupas da moda até vestimentas esportivas.
Ele acredita que foi uma experiência que deu certo, optando por estimular a freqüência de pessoas com menos de 40, disse ele. “Nós percebemos que eles não estavam sendo atingidos”, disse Williams. “Estávamos perdendo essa geração”.
Mesmo “fora do normal”, a igrejas mantém a tradição evangélica. Os batismos são feitos nas piscinas da casa dos membros. Esses eventos acabam se transformando em grandes churrascos. “É emocionante”, disse Williams. “Todo mundo aplaude como se estivéssemos em um jogo de basquete”.
Sandy Adcox, 38, não entrava em uma igreja havia 8 anos, até que aceitou um convite para conhecer a Church at the Gym, em março. Ela não perde um culto desde então. “Nunca na minha vida me senti tão confortável em uma igreja”, disse ela. “É um ambiente tão caloroso e acolhedor”.
Confortável parece ser um adjetivo comum para descrever igrejas que se reúnem em espaços “não-tradicionais”. Estão cada vez mais populares igrejas em locais como cinemas, rinques de patinação, shoppings e galpões usados para armazenamento, entre outros.
Aaron Coe, vice-presidente de mobilização de uma organização missionária diz que há vários fatores que contribuem para estas alternativas. Isso inclui o afastamento do ambiente tradicional mais formal e as vantagens econômicas de alugueis desses espaços que são usados apenas uma ou duas vezes por semana.
“Nós já vimos de tudo, desde galerias de arte até ginásios de escolas”, disse ele. “As escolas e os cinemas são provavelmente os mais comuns. Há definitivamente uma tendência, e eu acho que chegou para ficar”.
Eles podem não ser facilmente identificados por não terem torres de sino ou vitrais, mas essas igrejas dizem que estão encontrando o sucesso por atingir um segmento da sociedade que estaria longe de Deus. Nessas igrejas, os participantes muitas vezes são recebidos com café e biscoitos. E a música tocada lembra mais os sucesso do momento. The Bridge [a ponte] é uma igreja em Flint, Michigan, que foi começou se reunindo em um shopping center.
“Nós fazemos um monte de coisas que são realmente diferentes,” explica o pastor Steve Bentley. Talvez a opção mais radical foi a abertura de um estúdio de tatuagem que pertence à igreja. “Queremos ser relevantes para a vida das pessoas”, disse Bentley.
A igreja usa clipes de música para ilustrar suas mensagens aos domingos. “Nós rompemos com a tradição, mas não rompemos com as Escrituras”, disse Bentley. “Queremos apenas apresentar a mensagem de uma maneira diferente.”
A pesquisa do Gallup de 2010 mostrou que a frequência à igreja estava em sofrendo uma queda. Cerca de 43% dos norte-americanos diziam freqüentar os cultos semanal ou quinzenalmente. As pessoas mais velhas eram mais comprometidas, enquanto a faixa dos 18 aos 29 anos era a dos menos ativos.
Aaron explica que sua organização fez uma parceria com as igrejas batistas de todos os EUA e Canadá para abrir igrejas em espaços não-tradicionais.
“Como evangélicos, não acreditamos que a igreja é um prédio, a igreja são as pessoas. O local tem cada vez menos importância.”
Mas não só os batistas que pensam assim. O pastor Chuck Culpepper da Igreja Episcopal Anglicana de Jackson, Mississipi, abriu uma igreja em 2006 que optou por se reunir em um armazém.
“Tudo começou com uma idéia que nosso bispo teve”, disse Culpepper. Desejávamos alcançar os jovens adultos “sem igreja”. O galpão onde eles se reúnem semanalmente já foi um depósito e uma loja de móveis. A congregação renovou a estrutura, construída na década de 1920, mas o objetivo era manter a aparência industrial: parede de tijolo à vista e teto alto. “Não queríamos que ela tivesse cara de igreja”, explica Culpepper.
Nic Torrence, 26, veio para a igreja com um amigo há alguns anos atrás, sem saber o que esperar. “Não era nada parecido com as outras igrejas que eu conhecia”, disse o hoje membro. “O que fazemos é diferente. É informal e muito acolhedor.”
Cerca de 45 pessoas apareceram em um bar. Algumas carregam suas Bíblias. Há quem peça uma bebida, outros preferem apenas água. Alguns falam, a maioria apenas ouve. Todos seguem algumas regras básicas: evitar debates desnecessários e manter o foco no texto discutido esta semana.
“Nosso foco não é beber”, insiste Rodger McDaniel, um pastor presbiteriano que organizou a reunião semanal no bar Drunk Monkey [Macaco Bêbado] mais de um ano atrás. “Mas ao mesmo tempo, é um ambiente muito mais descontraído do o de uma igreja. Se eu fizesse isso na minha igreja aos domingos, não acho que teríamos mais de cinco ou seis pessoas.”
“É bom para levar a Palavra de Deus, e Deus está em toda parte. Bem, as pessoas estão em toda parte também,” diz Joe Beene, proprietário do bar que alguns dias por mês vira igreja.
“Eu vejo um monte de pessoas que vêm aqui (com) problemas, e eles estão tentando resolvê-los ou tentar apenas esquecer deles com o álcool, o que certamente funciona a curto prazo, mas não faz eles sumirem de sua vida”, diz Beene. “Eu sinto que eles precisam ouvir o que eu tenho ouvido nesta igreja.”
Fonte: Gospel prime / USA Today
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